Título: “Dias e Noites” (1881), de Tobias Barreto
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2024

“Patrióticas” são um conjunto de poesias na Parte Terceira de Dias e Noites (1881), livro do escritor sergipano Tobias Barreto, que recebeu o juízo crítico de Silvio Romero. Neste episódio: "À vista do Recife”, “Pernambuco”, “Os leões do norte”, “Sete de setembro”, “Em nome duma pernambucana”, “Versos escritos num dia nacional”, “Capitulação de Montevidéu”, “A volta dos voluntários”, “Decadência”, “A Polônia”, “A escravidão”, e “A viúva e os filhos do Capitão Pedro Afonso”. Trata-se de uma sequência de cânticos marciais que Tobias Barreto compôs em sua segunda fase poética, a pernambucana, que foi de 1862 a 1881, data da publicação do livro. Era um período guerreiro para o país e a poesia acostumou-se ao retintim das armas. O Recife, onde fora estudar Direito, era a passagem de todos os batalhões do norte e o ardor marcial era geral. À época do segundo império, os poetas compunham parte da aristocracia pensante e Tobias Barreto foi um filósofo, escritor e jurista brasileiro, apesar de sentir-se por vezes discriminado, por ser mestiço. Com Silvio Romero, fundou a Escola do Recife, corrente do pensamento social, filosófico, literária e jurídica que agitou a Faculdade de Direito do Recife nas últimas décadas do século XIX. Hoje a Faculdade é consagrada como "A Casa de Tobias”.

Título: Canaã (1902), de Graça Aranha
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2022

Canaã (1902) é o primeiro romance ideológico nacional, publicado por Graça Aranha (1868-1931). Deste romance, escolhemos um, dos 12 capítulos. No Capítulo VII que transpusemos para audio-drama há diversificada descrição da "natureza brasileira", tanto no aspecto do cenário, quanto das pessoas, um narrador sensível à forma e à paisagem e traz a mensagem da esperança, expõe o choque cultural e com ele desgraças naturalistas e ainda, a estilização da realidade brasileira. Alternam no romance os extremos selva versus cultura, trópicos versus mente germânica. O romance trata de imigração alemã, especificamente de Milkau e Lentz, que figuram dois vértices e trazem à tona algumas das teses filosóficas do livro. Milkau acredita no universalismo, admira o mestiço e a lei do amor, defende que a fusão das raças traz o rejuvenescimento da população e pensa no Brasil Canaã, a terra prometida onde não há sofrimento e nem dor, não há competição e nem ódios, mas sim a conquista do amor. Antagonista a ele, o amigo Lentz é um defensor da lei da força, crê na superioridade dos arianos, enérgicos, dominadores, para quem os mestiços são fracos e indolentes, cuja raça deve ser eliminada. Milkau torna-se o protetor de Maria, uma jovem colona alemã grávida, que vive um drama, do qual ele a tenta proteger e salvar, enquanto procura a terra prometida. 

Título: “Baleia”_In Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2023

“Baleia" é o nono capítulo, do total de 13, do livro Vidas Secas, de  Graciliano Ramos (1892-1953). E esse texto nasceu como conto, publicado  no jornal argentino La Prensa, em 1937, pouco após a publicação do seu  romance Angústia. “Baleia" cresceria em texto para ser essa personagem  tão importante de Vidas Secas, o quarto e último romance publicado pelo  escritor nordestino em vida, obra-prima do drama social e geográfico do  Nordeste. Graciliano nasceu em Alagoas e, a partir dali, construiu uma  literatura realista e engajada, sobre as inquietações humanas. O trabalhador rural, a seca nordestina a miséria e os dilemas do ser  humano diante de um meio hostil descrevem um pessimismo profundo em  relação ao homem. “Quem é do chão não se trepa”, convencia-se Fabiano. Graciliano foi escritor, jornalista e preso político, considerado o mais importante prosador da Geração de 30, ao lado de Raquel de Queirós, Jose Lins do Rego, Jorge Amado, Erico Verissimo, Lucio Cardoso, etc, muitos deles, seus amigos. Seu estilo próprio de narrativa é sem  floreios, seco e simples, o que propicia uma abordagem direta e profunda das situações e personagens retratadas. Boa leitura! 

Título: A Caolha (1903), de Júlia Lopes de Almeida
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2020

Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi mulher pioneira no Brasil na Literatura Infantil, publicando, em 1886, em parceria com sua irmã Adelina Lopes Vieira quando estavam em Lisboa, Contos Infantis, com 33 textos em verso e 27 em poesia, para crianças. Tornou-se, ao longo de sua vida, escritora, cronista, teatróloga e abolicionista brasileira, sendo que seu primeiro romance saiu justamente em 1888, Traços e Iluminuras. Ao todo, ela fez dez romances sendo que o mais conhecido deles é A Falência (1901). No conto “A caolha”, percebe-se este naturalismo exacerbado, narrando as nuances da relação desta mãe – caolha, com este filho amado, que vai se esquecendo da ternura à medida que vai crescendo. Com pensamentos práticos questiona-se: “por que fui nascer de mulher tão feia?” Este conto foi originalmente publicado em Ânsia Eterna (Garnier, 1903).

Paulicéia Desvairada (1922), de Mário de Andrade
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2022

Escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural, Mário de Andrade (1893-1945) escreveu como ninguém, as linhas da valorização da identidade e cultura brasileiras. Paulicéia Desvairada (1922) foi o segundo livro publicado por ele, com o marco da Semana de Arte Moderna. Selecionamos quatro poemas do livro, “Paisagem 1, 2, 3 e 4”, nos quais se vê a leitura poética que o escritor fazia de sua terra Natal, articulando magistralmente os elementos da natureza, com a crítica à civilização. Com este livro, Mario funda o “Desvairismo” e salienta o quanto a língua brasileira é rica e sonora, possuindo o “ão”. Os poemas são compostos com o que ele bem teorizou como verso harmônico – encontrado na frase gramatical; com polifonia poética e verso melódico. O Modernismo quebrou o rigor formal do Parnasianismo escrevendo, pintando, arquitetando, poetizando, sobre uma nova maneira de viver, importada da Europa, com a reviravolta da Revolução Industrial. O movimento é irreversível no país, comemorado por décadas, ressoando forte até hoje e que está em contagem regressiva para o centenário. 

Título: Prefácio Interessantíssimo (1922), de Mário de Andrade
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2022

O "Prefácio Interessantíssimo” (1922) foi uma inventividade de Mário de Andrade (1893-1945) ao apresentar para o mundo seu segundo livro, Pauliceia Desvairada, logo em seguida da realização da Semana de Arte Moderna. Pelo prefácio, o escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural criou o Manifesto do programa do Modernismo Brasileiro, no qual ele funda o “Desvairismo” para, no final do texto, extingui-lo, remetendo a uma das características desta nova fase: o antiacademicismo. A escola literária perdurou de 1922 a 1978, dividindo-se em três fases. Os modernistas usaram a linguagem mais próxima do oral, do povo, enaltecendo a cultura com versos livres, sem rima, em textos mais próximos do cotidiano, que versam críticas à sociedade brasileira com humor e sátira e rompem com o tradicionalismo. Seus representantes escreveram, pintaram, arquitetaram, poetizaram, sobre uma nova maneira de viver, ressoando desde a Europa, com a reviravolta da Revolução Industrial. O movimento é irreversível no país, até hoje comemorado por décadas e, neste fevereiro, chegamos aos cem anos desta manifestação, que ainda se toma por fresca. 

Título: Tradução de Machado de Assis (1883) para "O corvo" (1845), de Edgar Allan Poe
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2024

“O corvo” (1845) é o poema narrativo do escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849). Nós lançamos esse episódio em agosto de 2020, na aclamada tradução de Fernando Pessoa, publicada em 1924. Mas a primeira vez que o poema foi traduzido para a língua portuguesa foi por Machado de Assis, em 1883. E é justamente essa versão que publicamos hoje, no relançamento do texto. Nas Notas de Rodapé, você poderá acompanhar o que cada um dos três gênios da literatura mundial versaram sobre a temática desse amor perdido por Lenora, a partir da interlocução com o animal sinistro e trevoso. Corvo é a ave do mau agouro, que contudo vai pousar no busto de Palas Atenas, deusa da sabedoria, da inteligência, da guerra e da justiça, para os gregos. O corvo é tratado pelo estudante enlutado como um "profeta", que diz a ele única resposta: “Nunca mais”. Publicado pela primeira vez em 29 de janeiro de 1845, no semanário New York Evening Mirror, Poe compôs o poema com 108 versos, encharcado de musicalidade, linguagem estilizada e atmosfera sobrenatural. Cada tradução trata essa métrica com a beleza que sua língua pede. Debatemos também as revelações que Poe fez em 1846, no ensaio“A Filosofia da composição”
Título: Livro das donas e donzelas (1906), de Júlia Lopes de Almeida
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2022

Livro das donas e donzelas (1906) é uma sequência de crônicas, todas com personagens femininas, compostas por Júlia Lopes de Almeida (1862-1934). Para esse episódio, escolhemos três, dos 26 textos do livro, sendo: “Minhas amigas”, “A arte de envelhecer” e “A mulher brasileira”. Em cada qual, ela traz ideias femininas e ecológicas. Trabalha com maestria a delicadeza e formosura, ante a necessidade de obter um digno espaço intelectual, pela presteza e virtude com a qual a mulher encara a vida. Sua obra teve bastante influências do realismo e naturalismo francês. Tendo recebido uma educação liberal, aos 19 anos começou a trabalhar na imprensa e figurou-se como expoente em época que a figura feminina na vida intelectual tinha participação rara e incomum. Ela era arrojada e acreditava que o que torna a vida encantadora é o imprevisto. Julia foi contista, romancista, cronista e dramaturga, teve mais de 40 volumes publicados em 72 anos de vida. 

Título:“Crisálidas”, ou “Chrysalidas” (1864), de Machado de Assis
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2023

“Crisálidas”, ou “Chrysalidas”, para usar o título original de 1864, foi o primeiro livro publicado por Machado de Assis (1839-1908). Contém textos que ele escreveu dos 19 aos 25 anos. Para esse episódio, fizemos uma seleção de dez, todos constantes na versão original do livro: “Musa consolatrix”, “Visio”, “Quinze Anos”, “Stella”, “Sinhá”, “Horas vivas”, "A caridade”, “Aspiração”, “As rosas” e “As ventoinhas”. Permeando a figura feminina, nos poemas pulula a própria juventude de Machado de Assis. A linguagem que prevalece é a subjetiva, em versos que idealizam a mulher, trazendo a figura feminina sob o prisma dos Românticos, com eu lírico que observa a natureza plena. Sua escrita distinta e clara já estava presente. No universo machadiano há várias publicações de histórias curtas, críticas literárias, traduções, poemas e romances. Boa leitura! 

Título: A dança dos ossos (1871), de Bernardo Guimarães
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2024

“A dança dos ossos” (1871) é um conto em quatro capítulos de Bernardo Guimarães (1825-1884). O escritor brasileiro faz uma narrativa folclórica e bem-humorada, de aventuras contadas ou ouvidas pelo narrador viajante, que achega-se defronte ao fogo com os caboclos, às margens do Rio Parnaíba, entre Minas Gerais e Goiás. O principal interlocutor do viajante é o barqueiro Cirino, a quem cabe narrar a história da Dança dos Ossos. Ele é comparado à Caronte, barqueiro do submundo da Mitologia Grega. Cirino refere-se à dança dos ossos que ocorre em toda sexta-feira, noite em que não se pode entrar na floresta sem se defrontar com o espetáculo sinistro e horripilante. O causo contado por ele é acompanhado com curiosidade pelo narrador, a que Cirino chama de “Meu Amo” ou de “Vm.". Um dos ensejos é o querer saber "quantos ossos há no corpo humano?" já que os ossos do defunto estão espalhados pela floresta. A resposta, damos nós: são 206 os chamados ossos constantes, em um adulto. O que traz o inverossímil à história é também o fato de que a conversa do barqueiro é regada a “tragos”, o que significa que não estava sóbrio nem quando deparou-se com a caveira, nem no momento em que conta a história. “A dança dos ossos” consta no livro “Lendas e Romances”, publicado em 1871, o menos conhecido de Bernardo Guimarães, no qual faz construções sintáticas e expressões bem brasileiras. 

Título: Diana (1866), de Machado de Assis
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2022

O conto "Diana" foi publicado por Machado de Assis (1839-1908) no Jornal das Famílias em 1866 e narra a amizade de dois amigos cariocas, Alberto e Luís, ambos advogados. Luís parte para o Rio Grande do Sul, para cumprir o testamento do padrinho excêntrico, que teria lhe deixado uma herança, atrelada a um segredo em certo lugar, na casa tal, que estava vazia há 5 anos em Pelotas. Estabelece-se um mistério à la Sherlock Holmes e os amigos trocam cartas entre si, quando Luís conta ao amigo que encontrou o amor. Estava loucamente apaixonado pela bela Diana, uma moça viúva que conheceu numa noite de luar de sexta-feira e sedução. Trata-se de um conto irreverente do Bruxo do Cosme Velho.  Os contos machadianos são arte de pormenores e sutilezas e natural relacionar que “Diana" também é deusa romana da caça e da lua, irmã gêmea de Apolo. Como deusa da lua e como nada em Machado é por acaso, a irreverência do conto encontra-se justamente no fato de o casal apaixonado só se encontrar à noite, até uma reviravolta acontecer. 

Título: Monólogo de uma sombra (1912), de Augusto dos Anjos
Dimensões: 42 cm x 59,4 cm (A2)
Técnica: Arte Digital
Ano: 2021

O poema “Monólogo de uma sombra”, reunido na reedição do livro de Augusto dos Anjos (1884-1914) Eu e outras poesias em 1919, representa bem o conjunto de sua obra. Caráter original e paradoxal, formada entre o contraste e a hipérbole como pilares de sua  expressão. Um texto com vocabulários físico, químico e biológico que  resulta no “mau-gosto” de algumas palavras rebuscadas e científicas: cientifista-naturalista. Quanto à semântica: abarca a dimensão cósmica e  a angústia moral, canta as misérias da carne em putrefação. Quanto à  forma: são quartetos de decassílabos com rimas ricas, palavras raras e  esdrúxulas. “Disse isso a sombra”, conclui seu monólogo evolucionista que denota a postura  existencial do poeta, a angústia funda, letal, ante a fatalidade que  arrasta toda carne para a decomposição.
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